segunda-feira, 26 de março de 2012

História



Outro dia me dei conta que estou completando 20 anos de música, na verdade são 21 anos que me interessei pela música e 19 anos da minha 1º banda.

Então resolvi relembrar cada ano dessa trajetória, através de textos que postarei aqui no blog.

Janeiro de 1991, eu era um adolescente viciado nos Gibis Marvel e DC e que costumava encher a paciência da minha mãe o dia todo pedindo dinheiro pra comprar as revistinhas.

Nos domingos a noite meus pais me deixavam ir a Missa sozinho, e após a missa eu podia ficar um pouco na praça com os amigos, estou falando do ano de 1991 e da cidade de Itabirito, o mundo era bem mais tranquilo.

Num desses domingos de janeiro de 1991 aconteceu um fato que iria me influenciar pra sempre e me transformaria no que sou hoje.

Era festa de São Sebastião, aquelas antigas festas de barraquinhas, e do lado da igreja havia um palco montado com alguns instrumentos, num determinado momento enquanto eu conversava com um amigo, escutei alguns acordes, alguma batida, que me fez imediatamente ir para a frente do palco. Quando olhei para o palco, vi o Luís Floriano (Billy) um antigo amigo, que conheci na infância por causa da minha coleção de selos, e fiquei meio sem reação... Aí falei pro Jadir, meu amigo que estava ao lado... Aquele lá é meu amigo ...

Me lembro que eles chegaram a errar uma música e recomeçaram o show, mas o mais importante pra mim, naquele momento, no show da Banda “Sociedade Alternativa”, foi descobrir que eu não conseguiria viver sem música e sem ter uma banda.

O impacto foi tão forte, que eu me lembro que uns dois meses depois eu abandonaria os Gibis pra juntar todo o dinheiro que pudesse, para comprar meu 1º baixo.

Não tem como eu falar de música, sem falar no Baixo elétrico meu companheiro de 20 anos.

Posso afirmar que eu não escolhi o baixo elétrico, ele me escolheu. Eu cresci numa família muito musical com dois irmãos mais velhos que são músicos, e acabei herdando um violão. O meu sonho era ser guitarrista, mas a falta de um professor na época, aliada a dificuldade em adquirir informações e principalmente pelo fato do violão ter arrebentado as duas cordas mais agudas e junto com elas ter quebrado uma das tarraxas, fez com que meu irmão José Afonso, sugerisse que eu usasse as 4 cordas restantes para aprender baixo. Eu nem sabia o que era o Baixo, mas me lembro que fui atrás do meu amigo Luís pedir que ele me ensinasse, ele também tinha aprendido sozinho, meio que na raça, e foi bem honesto ao dizer que me ensinaria umas músicas, mas que não era professor. A 1º música que aprendi foi “Que país é esse”da Legião.

Passei o 1º semestre juntando qualquer dinheiro que aparecia para comprar um baixo, sonhava com isso dia e noite. No meio do ano os meus irmão me levaram pra comprar meu 1º baixo, um Tonante, meu irmão Célio completou a metade do valor, e o meu outro irmão Hélio comprou o método. Naquele momento o Tonante era o melhor baixo do mundo pra mim, pois eu tinha realizado o meu sonho.

Naquela época tudo era muito difícil, desde comprar um instrumento de qualidade, já que não existia uma boa relação custo benefício nos instrumentos musicais, como também aprender a tocar, não existia internet, vídeo aulas, métodos não eram fáceis de conseguir, e um professor de baixo elétrico no interior era muito difícil. Hoje em dia é possível adquirir ótimos instrumentos por preço bem mais cômodos, e a informaçãoo está ao alcance de todos.

Passei o restante do ano de 91 frequentando as festinhas de minha cidade, assistindo as bandas daqui e as de fora, sonhando em um dia ter a minha própria banda.

Depois de algumas músicas aprendidas com o Billy, comecei a tirar músicas sozinho ou com ajuda de amigos. Me lembro que passei uma tarde inteira voltando a agulha do Toca disco, tentando aprender a música Double de corpo dos Heróis da resistência, no final do dia eu consegui tocar toda a música, pra mim foi uma grande vitória, o nível da música pra mim era difícil, e o esforço foi recompensado.

Por uma coincidência enorme da vida, 16 anos depois, no ano de 2007, eu tive a oportunidade de gravar essa mesma música, com a formação original dos Heróis da Resistência, no estúdio em que eles ensaiavam no Rio de Janeiro, na função que era do Leoni, cantor e baixista dos Heróis. Isso se deu graças a um convite que eu recebi do meu amigo, Jorge Shy, que era o guitarrista dos Heróis e estava montando uma nova banda com a formação original dos Heróis, mas sem o Leoni, e precisava de alguém pra exercer essa função. Aquela tarde no ano de 1991 foi muito importante e me preparou de alguma forma para esse momento.

No próximo post, 1992.

6 comentários:

Beto Fae disse...

Emocionante,Aureo!A passagem em que você conta a história do violão com a tarraxa quebrada nas cordas agudas foi determinante pra você tocar baixo.Demais!Heróis da Resistência,super bonito...vamos para a continuação! Grande idéia!Abraços!

flavio disse...

Parabéns,Áureo.Grande Introdução.Eu Sempre Gostei de Gibis e Rock.Comprei uma Guitarra Magnum(Péssima) e Voltei pros Gibis,kkk...

Caixa Preta disse...

Estou até emocionado aqui amigo,uma coisa que pra mim tem muito valor é nunca se esquecer das raízes,nunca omitir o passado,mesmo que ele não tenha sido algo muito bonito pra ser lembrado. e de repente me deparo com este texto que me remeteu numa viagem muito boa ao passado,os gibis da marvel, a batalha pra comprar o primeiro baixo (o meu também foi um tonante).vc aqui em casa moleque ainda kkkk pegando que país é este. não sou ninguem que mereça alguma importancia nessa sua bela história e mesmo assim fui lembrado por vc,não só como um amigo mas de alguma forma como uma inspiração,um incentivo para que vc escolhesse este instrumento que a gente tanto ama. Agradeço a você meu amigo por essas lembranças tão alegres do nosso passado,agradeço por ter sido um dos seguidores da nossa família Sociedade Alternativa.
a coragem de encarar os desafios nos faz mais fortes. bem lembrado o nosso erro na primeira música, eu e o Pit éramos totalmente verdes na época e o medo do palco pesou naquela hora, mas a coragem falou mais alto e fomos até o fim,a banda que eles colocaram pra tocar num dia de semana fraco foi convidada pra fechar a festa daquele ano :D Abraços:
Luis F Modesto B!LLY.

Áureo Lopes disse...

Beto Fae, compositor de uma das versões que mais marcaram a nossa MPB (O amor vem pra cada um, Zizi Possi) Obrigado.

Flávio, eu tinha vários amigos munidos de Magnum também, hehehe...

Billy, a amizade nunca morre!! Obrigado por tudo!!!

Marcela Bueno disse...

Parabéns, meu amor. O blog está ótimo. Adorei ler essa história com tantos detalhes. Beijos #orgulho

Áureo Lopes disse...

Obrigado amor!!!